quinta-feira, 28 de maio de 2015

Cena # 553 - Setúbal Quatrocentista I. (Publicada na Setúbal Revista, na edição de dezembro de 2017)


       Ao meu filho Vasco,
       Hoje aniversariante.



Soube da Feira Medieval, no infantário, pela boca do Rei,
O Vasco perguntou-me pela coroa,
- Coroa?, Só mesmo a de enfiar, tipo barrete: a ministra...
- Sim, essa!

Bandeiras e tendinhas, o bolo de espinafres e os biscoitos de erva-doce encheram-me as medidas, enquanto as crianças finalistas ensaiavam uns passos cortesanescos, ao som de embalar da cítola e da bandurra, aqui e ali flauteado, dos Mediaevus Ensemble,
Só faltou o vinho, copioso na época de quatrocentos!
Naquele tempo...


Gozava-se a vida, a bubónica e a morte espreitavam: os anos de 1422 a 1460 foram bem vividos, recontados e o resto é História,

Setúbal conteria, talvez, cinco mil almas, não as contei; na cerca afonsina, claro: a expensas do populacho, o número de postigos para o areal, atestava da importância do porto.
Do adro da igreja de S. Julião (S. Gião), menor e gravemente danificada, emergiu a praça do Sapal, coração da vila; a leste, entre a Misericórdia e a capela de S, António, no labirinto de ruas curvas, alapou-se a Judiaria e, paredes meias com a Porta do Sol (da Moura Encantada), a Mouraria; perto, mas suficientemente longe, na Estrada de S. João, hoje Avenida da (do?) Portela, antes da Aldeia do Chinelo (Aranguez), situava-se a gafaria, depois lazareto.

A Porta Nova abria ao bairro de Tróino; foi aí, na Rua Direita, que se acoitou o pretensor regicida, na casa das Quatro Cabeças: não sou eu que o afirmo, que o terramoto de 1755 aplanou Tróino e que as cabeças, quatro em quatro edifícios diferentes, se reuniram, então, na mesma casa, no quarenta e quatro da Fran Paxeco...,
O que é certo: o duque de Bragança, conluiado com o de Viseu, perdeu a cabeça.
Conventos, apenas o de S. Francisco e, para fora da vila, a fortaleza do Outão, fundada pelo Mestre de Avis, um século antes do início das obras para a edificação do Convento de Jesus, no último quartel quatrocentista.

Os vizinhos,
O sesimbrense Porto das Barbas era local de chegada da sardinha, pescada à xávega: cintado o corso, arrastava-se ao longo da costa; exigiam os  pescadores setubalenses a interdição da xávega, porque a sardinha não chegava, queixavam-se aqueles doo acesso ao sal, indispensável à sua conservação, farto em Setúbal,
Reclamavam estes, daqueles e dos outros, de Palmela, por não lhes acudir nas arremetidas piratas...
Ali, para a Adiça (Fonte da Telha), explorava-se o ouro, mas já não chegava para todos...













               

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