sábado, 13 de setembro de 2014

Cena # 348 - A Mariquice em Três Atos.


                                                              Ato I

Macacos me mordam,
- O que estás a fazer, tigre?!
- Aguço as garras, chimpanzé!,
De ora em diante, eu sou o rei da selva!

Tremeu a terra, barriu o elefante,
- Bom dia, tigre... - saiu, grave, pelo trombone - na manicure?!
- Sou o rei da selva, afio as garras e o dente...

- Pssst? - assobiou a naja, que se abanava por ali,
- Sou mau como as cobras e,

Agora...
- Julgava-te jubilado, leão...
- Então, riscadinho, puseste unhas de gel?!
O tigre entrelaçou as mãos e olhou os dedos:
- É isso, leão: mariquices, mariquices...

                                                             Ato II

Passeavam duas coisas com quatro patas lá por casa, que a minha mãe chamava caniches,
Para nós, a-quilo cada um, era mais cães a pilhas: o Riquinho e a Pituxa pisavam ovos e amaricavam as ruas, exibindo capas coloridas de lã, que a minha mãe tecia e nos queria obrigar a vestir iguais.
Conto este lado negro do passado porque as recusámos, caso contrário, contava na mesma.
Já agora, a Pituxa saía de cuequinha naquele período do mês: no mais do pito, era igual às outras.

                                                             Ato III

Desci a vinte e dois de dezembro, há mais sinais vermelhos quando estamos atrasados,
Parei e deparei-me com aquilo,
Aquilo: estamos no verão, indiano isso é incerto,
O homem, do Benfica e, até aí, bom chefe de família, abriu o capot e de lá começou a tirar cobertores, quatro ou cinco de padrões variados que cobriam o motor do carocha,
Não vá o animal constipar-se, é melhor deixá-lo no veterinário.





0 comentários :

Enviar um comentário

 
;