sábado, 14 de julho de 2018

Cena # 1819 - A Casa É Onde Mora O Coração.

 
Foi há quinze anos e foi há muitos mais: a Clarinha titubeava pelos corredores do liceu,
Pálida e com vómitos,

Persistentes, os pais arrastaram-na ao médico: o problema foi o que comeu, a ecografia, uma novidade à altura, ratificou,
- Treze semanas!, Parece uma menina, mas...
- A minha filha é menor, nem namora!
Pois não, há gente que engorda com o ar.



A vizinhança cuscava, amamentava conversa; os pais, conservadores, não conservaram a filha única, despejada da casa, aos dezasseis anos,
De barriga vazia, e com a Esmeralda ao colo, arrendou um quarto barato, na capital: sorte sua, a dona Lurdes enviuvara sem filhos e procurava companhia!

Foçou, não foi ao tapete. Trabalhou dia e noite, recomeçou os estudos quando a Esmeraldinha, entrada para o secundário, lhe aclarava as contas,
Das outras, de casa, sabia ela de menos, a dona Lurdes escondia e pagava-as...,



Concluída a licenciatura,
A Esmeralda, a sua pedra preciosa, é mulher já feita,
Os avós quiseram conhecê-la,
É tarde, não pertencem à família.

Em janeiro, arrendaram outra, maior,
A Lurdes chorou a partida,
- Não percebes, Lurdes?, Tu vens connosco: TU és a nossa família!

0 comentários :

Enviar um comentário

 
;