segunda-feira, 26 de maio de 2014

Cena # 271 - Bué de Fish.

Chega a primavera, o bicho larga o choco e a preguiça, ganha cor e está danado para acasalar.
Os dias amornam e a nortada vai ter de esperar, as aialas e as bateiras embalam na corrente que as arrasta.
Lembro-te, Agostinho, rei da toneira e do pingalim, o polvo arpoado ao mergulho, com umas latas e uns tijolos que metias lá em baixo... Despedias-te com a nota na mão, para o gelado e não digas à Carolina, ensinaste-me a pescar.

- Tínhamos uma roulotte no parque de campismo, Tomás, ali enganei metade dos robalos do rio!
Bué de fish, na altura, ora pescava ora dava banho à minhoca.
- E chocos, enganavas, papá? - perguntou o Vasco, enquanto o Simão vasculhava o saco do pescador de muralha.
- Com um palhaço, o choco vai a todas!

O choco divide os amores por três corações e não perdoa, a fêmea, choca. Ovas entaladas no papo-seco, a servir de mata-borrão à mini.
Mimetiza e camufla-se, não é diferente destes três artistas que, em casa e às escondidas, partem coisas, tem propulsão a jato, aquele para não ser apanhado, estes para não apanhar...
Diz quem sabe e acredito, a fêmea tem menos riscas, maquilha-se menos para a festa, o chôque é do Vitorra e ela, zarrolha às investidas do mane, de Belenenses.
Podia gastar tinta...

O homem puxou o choco e passeou-o na água, pela linha como um cão. Fez-me espécie, o enxalavar na outra mão e nada do bicho apanhar ar...
Demoro a perceber esta coisa dos arranjinhos, cheira-me que o choco que se exibe e copula a fêmea está bem arranjado. Já há fila, um e mais um lá atrás, mas vale mais outro choco no alguidar do que nenhum no enxalavar!

O Tomás delirou:
- Oh pai, pescar deve ser bué de fixe!

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