terça-feira, 6 de maio de 2014

Cena # 254 - Sem Espinhas!

- Não sei como fazes essas porcarias! - arrepiou-se o Chiquinho, após me inquirir, curioso, sobre uma dezena de casos, uns asquerosos, outros hipotéticos.
- Nunca nenhum se queixou...

Um metro e sessenta e cinco, o Chico não caga propriamente tacos. Os pícnicos são simplacheirões mas, às vezes, sai-lhes cada travessura, os longilíneos, mais de um e oitenta de baixo-astral, atravessados de muito rancor; e o normal, não o é...
Regra número um da autópsia: abre os olhos e fecha os ouvidos.

Suicidas e haraquíri, daiquiris e bebedeiras
Afogamentos e afogados em dívidas
Narcisismo, cantada e pardais ao ninho, zoofilia, quer galinha gorda de graça, pigmalionismo, excitados, agarrados a estátuas
Vitriolagem, esganadura, a de amor é pior, asfixia, laço ao pescoço, vai composto
Uma facada e o toxicoindependente troca oitenta anos por cinco euros, muitas, vingança ou ódio, o mec sabe do que escreve, o amor é fodido.

Mãos e pés de cabra, calhaus com olhos e sem eles, faca de mesa e faca na liga, ansinhos e enxadas, picadores de gelo e pica miolos, vale tudo mais tirar olhos com saca-rolhas e, desde aí, as viagens para Nova Iorque a custar os olhos da cara...


Nem sempre a morte ocorre súbita, enfarte ou defenestrado, cem metros abaixo estatelado, atrapalhando o tráfego, como na Construção do Xico. Por vezes, é  lenta e celular, as entranhas insistem na digestão, libertam-se gases...
Assim partiu o senhor Lopes, antigo e respeitado empresário que a crise estrangulou, definhado pelas sanguessugas que se multiplicavam. Casa cheia, os amigos sempre aparecem, conta-se anedotas, passa-se o tempo.
Ainda a cruz, agora outra bem à sua frente, desatinou no arroto e no traque e despediu-se em beleza, a cagar-se para o mundo e a rir-se dos bancos e das finanças!


,Come cada um do que e nu cu gosta acredita quem quiser: alugo baralhos de tarot, runas e cartas ciganas,
Há malta que gosta que lhe atirem areia e, nu resto, lhe enfiem os dedos.


Há quem jure os três pastorinhos e Fátima bem agradece, mais facilmente engulo sapos do que a história da Virgem da Anunciada, esfumada nas madeiras do areal da Arrábida,

Separemos águas: não acredito no milagre de Moisés,
Jesus sobre as águas, amigo Mateus, eu mesmo vi com estes olhos que a terra há de engolir o Stephen Frayne a caminhar no Tamisa, parece que a polícia que o esperava fazia parte do espetáculo,

Há quem ande com a cabeça na lua e quem assegure que o Homem nunca lá pôs os pés,
teorias da conspiração, conforme a inspiração: ao momento, o comprimido azul é que faz milagres.



O resto é conversa,
A Conceição reformou-se, era engenheira química, Está toda fodida e nunca mais viu o padeiro.
Com ou sem acordo, o pH por lá continua, já viu protões e eletrões, julga ela...,
- O Sebastião (mas que não engolia qualquer coisa) era meu professor e velha carcaça da faculdade, e não acreditava na teoria atómica...

O que me atazanou a molécula,
Ver para crer: os átomos,
- Conceição, já os viste alguma vez a dar à barbatana?!








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