domingo, 27 de abril de 2014

Cena # 248 - O Circo.

Senhoras e senhores,
Meninas e meninooos,
Rrrespeitável públicooo: o espetáculo vai começar!

1. Levei os artistas ao circo. Não se intimidaram com as feras, nem eles nem o Mário Mariani de vareta em riste, para as feras da bancada. Os tigres cumprimentam-se como os humanos, notou o Tomás, pata esticada e a arreganhar a taxa, alguns com as garras de fora...
2. Suspensas da tenda, a Yolanda, trinta e poucos anos e outros tantos de peso, contorce-se sem escorregar por entre os buracos da rede, ele há coisas do arco da Carole, coxas até ao umbigo, e mais voltas que o raboscópio improvisado máquina, dos palhaços.
O setubalão não conteve:
- Á pá, miga, esta nã tem arrtrrozes!
3. Burburinho, o Homem-Bala espreita o canhão e a sala...
4. Clevas e parábolas, cascata e chuveiro, o Simão já tem os olhos trocados com as bolinhas do Dário, parecem
5. Pipocas, intervalo.
Estes animais comem mais que os outros e estes ainda rendem: duas fotos e dez euros por meia volta a montar os póneis, a menina ainda reclamou do Vascão e do Nhó-Nhó irem no mesmo, era o ias separados e não assustem os potros, correm três ou quatro voltas e deixo a carteira.
Junto às roulottes, um grupo discutia os maus tratos dos animais no circo... O aficionado defendia, com certa razão:
- Está tudo doido?! Imaginem o rafeiro, dois dias sem a ração... Um leão, dois dias sem comer, engole o circo inteiro!
O gorducho, com o bandulho atestado de grão com mão de vaca (uma inevitabilidade), discordou, liberdade e vinte e cinco de abril para os animais, conheço bem o bicho, implora-me o atestado para o pumpum aos patos, pato bravo.
Lembrei-me da Sãozinha, ainda abortou em nova, casou e não mais conseguiu:
-Acho que não consigo reproduzir em cativeiro, doutor...
6. Olaaaaá! Tudo beeem?
- Siiiiiiim!
Ei-los, hiperbólicos no nariz e nos sapatos, herdeiros do Piolin e do Croquete, os palhaços.
Já não há palhaço rico, a crise uniformizou: tecido grosso e listado, largo e remendado, fora e dentro do palco.
7. Os lulus até parecem cães, e são, distingo-lhes as patas, dançam, entrelaçados e maricas, a valsa e o pop do Michael Jackson. Os cobrões arrastam-se ao cheiro dos cães ou das Amazónias, o Vasco protesta:
- Não presta para nada, estão fechadas numa gaiola!
Eu gostei, da boa e das outras.
8. É um exclusivo, é incríiivel!, ladies e monsieurs, tenho o prazer de vos apresentar o Hoooomem-Bala!, o único, o único no mundo!, que vai tentar, de novo e pela primeira vez, o salto da morte!
- Puuuuum!, vai ser tão bom não foi, já só o vi, capacete vermelho e inteiro, colado à rede do outro lado!
9. Fotografia de grupo, falta colar-me a cara e o capacete a ser disparado do canhão, para a próxima não há mais.

10. O circo não para.
Não se pode fazer de gaja e apanhar a roupa. Ameaçavam, calados, cinco minutos bastaram: a caixa do Lego em cima do banco e o Vasco sobre a caixa do Lego, pendurado na prateleira a arranhar as bolachas dos dinossauros da despensa e o Simão, em baixo, a recebê-las e a morder um dino de dentes aguçados...
Dei dois gritos
- Mas o que vem a ser isto?!
- Não sabes papá?, É um Tri Reque!













1 comentários :

Unknown disse...

Gostei especialmente da Sãozinha. continue a escrever assim :)

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