sábado, 12 de abril de 2014

Cena # 235 - Histórias de Coimbra I.

Não reservámos e os hotéis, em Coimbra e àquela hora, estavam cheios.
O hall dava para o corredor, amontoado de gente manhosa à espera do pequeno elevador que nos obrigava a subir: há clientes e clientes, e há os que se servem da espelunca para dormir.,

A cama, já dormi em macas melhores, a janela abria-se para uma marquise, rachas na banheira e não levei para lá ninguém, água a fio e viva o planeta sustentável, no gel unissexo e para o resto: enjoy your life,

Certo, a vida passa a correr e num segundo tudo acontece: espetaram-me no terceiro e, lá em baixo, as portas bateram toda a noite, entrava mais gente do que saía, gritos e mais gemidos, a dois, a três e à molhada, por cima, de lado e de gatas, não ouvi balir ou ladrar, pago ao quarto.,
E ao quarto de hora.

Estranhei o Virgílio, coração mole mas rezingão, levou a coisa para a brincadeira: recuou uns vinte anos, a Florbela quis acampar, Tinha o Tiago dois anos... Anoiteceu, parámos perto de Barcelona, a tenda a voar e eu não estacava o trapo, dormi mal, o Tiago berrou e a as pedras rebentaram-me com a lombar, a malta cagava e ria-se e o concurso só acabou às três da matina!,

Levantei-me, a dúzia de índios discutia os lavatórios, passei-me.
- Florbela, vamos embora!
- Está bem, Virgílio, desmonta a tenda...
- Desmontar, o quê?!, A tenda fica aí!


Entrámos no Instituto de Medicina Legal,
Os cartazes disfarçam as rachas, Violência Doméstica: Queixe-se!
- Violência doméstica, Ah, Ah, Ah! - riu o Virgílio - E, então, aquilo que a minha mulher me faz?!

0 comentários :

Enviar um comentário

 
;