sábado, 30 de novembro de 2013

Cena # 138 - É Meu! É Meu!


Ela fora e a casa entregue aos bichos, a saber, quatro, que só tenho três filhos. Lavados e perfumados, de papo cheio e roupinha pipi, até parecia que a mãe os tratara.
É sábado, fomos às Velharias, na Luísa Tody. Já pelo caminho discutiam pelas coisas (têm poucas) e, mais dentada e menos cabelo, mais um ou outro grito, a situação lá se controlou. Carregados de tralha, ainda assim, lá choravam o plástico unicolor da Disney, que saía com o Rajá, há quarenta anos, na Figueirinha, uma merda de cinquenta cêntimos mas dinheiro dou eu para não o levar, o livro de quadradinhos e eu sem perceber para que queriam a Gaiola Aberta e os cromos do Mundial de setenta e quatro, ainda me falta o Jairzinho.
Com papas e bolos se enganam os tolos e eu juro que levei isso tudo. Comem por eles e pelo amigo imaginário, aquilo não são estômagos são batedeiras, tudo aquilo por ali abaixo, liquidificado em minutos!
Soltei as feras e a feira incendiou. Chico Boiada mais os três jagunços, cada um a correr para seu lado, homem prevenido vale por dois mas ainda sobra um, é meu, é meu e é meu, compra-me isto e pai, dá-me aquilo, quem não chora não mama, chorem à vontade sempre fazem ginástica respiratória e poupo no xarope mas mama não há, duas e secas à nascença, mexem e remexem, eu de mãos na cabeça e os feirantes de lápis na mão, eis que o Simão se agarra a um valente par de chavelhos, o maior da feira mesmo contando com os que por lá se passeavam, e grita, em apoteose:
- É meu, é meu!
Menos mau, vale que, desta feita, ninguém lhe disputou o troféu.

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