Cenas da Vida Familiar
Jorge dos Santos Forreta. Médico.
sábado, 21 de julho de 2018
Cena # 1827 - Os Tempos Assim-Assim.
Fora isso, mudam os atores,
Em terra de cegos, o zarolho Moyan foi rei por seis dias, vitórias de Pirro, o Che acabou com o sorriso e, sem mãos, os Estados Unidos caíram no Vietname e nas ruas do Quartier Latin,
A Guerra do Futebol, tudo ao pontapé por causa de um jogo de merda: a Guerra Fria e a hotline,
As comunas hippie, as viagens do LSD, Easy Rider, sexo
Na lama de Woodstock, Vive depressa, Morre jovem: Tem Years After, Grateful Dead,
Human-be-in,
O tamanho importa: se a União Soviética mede quase tanto como a América, do Alasca às Shetland,
A ida à lua, o nosso satélite sem recursos: esbanja-se recursos, satélites e missões, para mostrar músculo,
Mr. Olympia-be-in.
De volta à terra, à roda-viva,
A Praça do Bocage fervilhava, à altura: as imperiais do Reno, os fofos de Belas, na Brasileira do galego, os gelados da Arca Doce, a Vinícola, casa de meninos e de meninas, os truques de cartas do Zé dos Gatos, no Central e, lá está, a Adega dos Passarinhos,
Em frente à Brasileira, o Finura, Professor de Hipnose e correspondente da Escola Azteca, estendia os braços ao consultório do velho. de olhos fingidos fechados na estátua: à vez, deitados na calçada, os candidatos a Morfeu piscavam o olho e a assistência delirava!
O Vitória e o Jota, a taça de sessenta e sete, cento e quarenta e três minutos depois: vem nos livros,
o Manuel Envia e o Boto, os livros de bolso do Vilhena,
Lembro-me bem, das galetes com açúcar e canela e dos chás-dançantes do Esperança, a porta e as cadeiras giratórias do fígaro, o Popó, à crava, e o Manuel, que arrancava os molares com os calcâneos cravados no peito do infeliz, a fila da Capri para o bolo encomendado para o Festival da Canção, a Casa das Manteigas e os trabalhos na banha, na Antão Girão, a loja do Kally, O Kally vende e o mundo consome, é assim,
Os Três Bês, bom e barato: essa é boa, a boazona do Guedes, que se baixava para colocar o LP no gira-discos,
De saltar da cama, com o terror de terra de sessenta e nove e a malta a correr nua, rua fora,
Como Deus a pôs ao mundo: a Io e a Bardot, a cabeça à roda e não era do whisky martelado de Sacavém, com dez por cento de não álcool,
As misses de coxas abonadas, a propósito e não de propósito. na Carlos Relvas,
A Crónica Feminina e a criada para todo o serviço: é isso, literalmente, sem direito à pernada, é certo e subida, escolhida a dedo e com direito ao apalpão...
A migração, para as cidades do litoral e para as províncias ultramarinas, o salto, a emigração para a França e para a Alemanha: os bancos esticam os tentáculos para o interior, para capturar as remessas,
A lei de Sutton: a LUAR, Palma trinta mil contos ao Banco de Portugal,
E um escândalo: os bancos não se criaram para ser roubados, é a história do homem que mordeu o cão,
Conversas em Família, a dele, evolução na continuidade, à nossa!: o pai trocou o Renault dez, cor de café com leite, pelo dezasseis verde-garrafa,
A outra, recordo-me do meu pai, escreve, isto, Jorge,
- Uma revolução de lugares, para não dizer outra coisa: uma questão de cus, é uma evolução de merda!
O gajo era lixado. O meu pai também.
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