O Martins era fazendeiro, vivia da terra que nunca faltava,
Herdara-a dos "bizas", atraídos a Quelimane, porto de cabotagem, um dos mais importantes do Canal de Moçambique.
A norte, sente-se a influência indiana, o amarelo caril e as cores vibrantes das capulanas, lenço, atadas à cintura, que aconchegam e confiam às crianças,
Missangas e pulseiras de conchas, chinelos com solas-pneu Mabor.
Era frequente o Martins atravessar a Avenida Marginal, demorando-se nos mangais e na baía dos Bons Sinais, lá está, a caminho do Meireles, dos canecos e do camarão selvagem da ilha de Eracamba,
A esposa batia com os joelhos na Sé Velha e dirigia-se para o chá Gurué, no salão Riviera.
Depois...,
Chegou a Rua Mao de Tsé-Tung, os meticais e as nacionalizações,
O Martins teve sorte, tinha a sorte de ser mais esperto do que os outros: em terra de Legos, a desmoronar à sua volta, o zarolho é Rei da Zambézia,
Fez uma livrança ao banco, dez mil contos, muito escudo por fiança das suas propriedades, comprou o que podia e enviou para a Metrópole.
A terra a quem a trabalha, quando a banca exigiu o pagamento: ide buscar às terras de fiança.,
E partiu, coração partido,
Terras do feitiço, que nunca esquecem...
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