domingo, 2 de março de 2014

Cena # 207 - De Diabo.



Na sexta foram os ciganos, setenta e cinco, jura a Leonor, e faltaram os gajos das finanças, unhaca com cerúmen e navalha de descascar a fruta, a trocar as coisas de lugar, e a boazuda a distribuir preservativos para (ab)usar na namorada, a maioria devolveu.

Preto com graxa de sapato, galinha e macaco, pequenos retoques e o Darwin está certo, de rato e de Ratzinger, no ano passado, homem-rã-e-morcego e homem-bomba, Iraque e Unita e o genuíno Iráconita, ashes to ashes, Bowie e Elvis, jogo de ancas, jogral e bobo, só me falta ir de croquete, nu, rebolado na areia da praia.
Por falar em feras, os bichos ficaram na avó.

Malta que se arrasta na baixa, o carnaval é festa e vai-se a depressão, dois ou três aos pulos e outros tantos que me aparecem mais coxos que eu, é milagre e é Deus, vá um gajo pedir-lhe contas, mais Deus lhe pague e tanto que já me deve...

O grupo.
O Nuno de homem das cavernas, de moca na mão capaz de comer este mundo e o outro e todo o gajedo que por lá pastava, mais uns híbridos que se aproveitam da época carnavalesca.
A Dina de preta baiana, mamas e rabo, feita num esse, com o fedelho às costas.
A Sílvia, semierudita parisiense, boina e óculos dos pintores de Montmartre, esqueceu o pincel na mão.
O Rui de chulo, bastou-lhe enfiar a camisa e estou a brincar, juntou o cordão de pechisbeque a fingir ouro.
A Sara trajou de prostituta fina de cintura, os óculos, retro e gigantes, com as lentes coladas do lado de dentro e já vira tanta coisa, Boooa!, encheu a boca o cretino que com ela se meteu para, no imediato, lhe pedir desculpa, julgava-te uma daquelas febras, vá de retro, Satanás!
A Leonor no sambódromo, abençoada por Deus e bonita por natureza, mas que beleza, de chinesinha limpopó deu volta à cabeça do tuga, de olhos em bico.

Nunca vesti de mulher, nunca calhou, nem neste ano estive para aí virado. Alinhei tão-somente na farta cabeleira e nuns óculos e nariz postiços.
Mas foi meu, o momento alto da noite! Os pelinhos que pendiam da penca e que simulavam o bigode cocegavam-me os lábios, as grossas sobrancelhas tolhiam e turvavam-me a vista, chovia e entrei a correr no restaurante do Ramila com a frente envidraçada, só parei quando lá enfiei os cornos com estrondo na porta fechada, pedi contas à mulher que me jurou fidelidade,
Anda o diabo à solta.





1 comentários :

Anónimo disse...

Por favor retirar o nome de Leonor desta publicação

Enviar um comentário

 
;