Mentiria com todos os dentes, não vivenciei a história, foi-me oferecida pela Cristina.
- Falas como escreves, ou é mais o contrário, fazes isso com uma perna às costas!
(sim, só preciso da mão direita)
Uma sua amiga e minha colega no Outão, mais uma da equipa do mestre mako, tinha que operar a octogenária, quatre-vingts, gosto dos franceses.
Os óculos acertam com a leitura mas falham na meia distância, deu por ela com o quadriculado da calçada sob o nariz e sem bilhete na ambulância amarela, no cantinho tudo foge quando é pagar.
- Fratura do fémur, princesa!, temos que ir à faca, seguro-a eu.
Tensão alta, problemas no coração, na coagulação e na carteira, mais os diabretes, os médicos são uns chatos.
Competente e afável, a M.J. ainda é daquelas que explica tudo.
- Francisquinha, temos que lhe tirar os dentes...
Que não, isso não!
- Mas tem que ser, princesinha, só assim a operamos, vá, não custa nada...
Que não e que sim, uma hora naquilo e a recusa em definitivo, com a Francisca em lágrimas:
- Senhora doutora, gosto muito de si e perdoe-me a ousadia, mas nunca arranquei um dente na vida, por que razão, para ser operada à anca, os tenho que tirar agora?!
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