sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Cena # 94 - Casa de Família.



Duas da manhã, bem bom mas só para as Doce, o trinco a abrir... Era o Vasco na sala e a Leonor indignada:
- Vai já para a cama!
- Esta agora, sentado no sofá da sala, às duas da matina!
Tranquilizei-a:
- Vá lá não termos os canais da bola vermelha, não o tirávamos de lá...

O Tomás, dez réis de gente e já ressona, isto mais parece uma casa de peixes-porco!
Talvez por isso, o Simão acordou, a chorar: não tem amigdalite, isso vejo eu, até lhe vejo as cordas vocais. Recoloquei-lhe a chucha, deu descanso aos pesadelos, um furo no carro do Noddy ou a choné com a perna partida.


Segundo round.
O Tomás na casa de banho a sacudir aquilo, casa de banho há, aquilo é que não há para sacudir tanto tempo.

Mamã, água, papá, cocó...
- Vale o trabalho daqui a umas horas, sempre dá para recuperar alguma coisa...
- Mas Leonor, é sábado...

O Simão, outra vez a chorar, este miúdo é o inferno, fingimos ignorar, quem sabe Deus existe e se cala! Mas o Senhor deve estar a dormir... Veremos quem cede primeiro, à medida que os decibéis se tornam, progressivamente, insuportáveis. Fui lá:
- Coitado, estava sem meias, com os pés gelados e com as pernas de fora, presas nas grades, como é que haveria de dormir?

O Vasco renasceu, quer leite com chocolate, podia ser pior, desejar a papa de milho.

Oito e meia, descemos à Catarina, para o pequeno almoço. A tribo, mais verdes que alfaces, contrasta com o indivíduo de cabelo desgrenhado, olhos de carneiro mal morto, os cantos da boca, brancos, da pasta e a arrastar-se pela calçada, a Leonor, que os ombros lhe custam toneladas...
Alguém se sentou na nossa mesa:
- Estão rebentados, é só fazer dinheiro, um dia destes é preciso um carrinho de mão para o levar para o banco... A sério, já pensaram em tirar uns dias, longe daqui, sozinhos com os miúdos?

De acordo,
- Nãaaaaaaao!!







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