quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Cena # 1989 - Cento e Dezasseis.


Baby, you've got everything…

Lembrei-me da Clara, com o Tom Waits ao piano, no bar: a bomba estelante de olhos verdes, aqui e ali, azulados, cento e dezasseis-sessenta-oitenta e seis, e um quarto para o QI.

Oitenta e um.
Acabado o semestre, todo o santo dia atravessávamos o Sado de cacilheiro, para espalhar o charme e as toalhas, na Ponta do Adoche; por vezes, fugíamos para a Avenida das Mangueiras, três quartos de milha abaixo, onde jogávamos à bola, a não saber, os cinco à esparavela, contra os alonsos, de calções.,

Ao fim da tarde, no tê um dividido por dez, trebelhávamos a estratégia para o Rosamar, a catedral do empernamento, estavam o Chico Fininho e a Chiclete na moda.
Preparados para o que desse e viesse: pior, para o que viesse, e desse,
Da-ssse!, vale mais uma mama na mão que duas a voar e era mais as vezes que vinha com elas a abanar: as mãos, bem entendido, dá Deus dentes a quem não tem nozes,

O Zé Tangas trabalhava, era banheiro. A malta estudava e contava tostões...
À tripa-forra, o Tangas pagava bejecas e sacava umas estranjas, derretidas pela casa de praia que jurava ter...
É verdade!: trazia consigo as chaves do barracão, onde guardava os colchões,

Sorte malvada!
Foi nessa altura que conheci a Clara, na praia, junto à bola do Nívea.,
Basbaque, fingi desinteresse: as mãos tremiam, atrapalhavam-me, ambílevo. Sabia-me em Medicina, cuscou que especialidade escolheria,
- Pediatria...- respondi, veronês e pinga-amor,
A apelar à maternidade, Deve ser uma chatice,
- Isso, de ver pés toda a vida! - lamentou-se ela
E eu,
Não fossem os seus olhos verde-montanha e os cento e dezasseis mais o quarto para o QI e até a julgava burra…



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