segunda-feira, 19 de março de 2018

Cena # 1698 - No Dia do Pai.



Lembrei-me de ti, pai,
Do Poliarpo e de te parabentearmos no primeiro de janeiro.
Um dia, o ano passou sem ti.

Nos últimos tempos convidava o Poliarpo à mesa, seu colega de faculdade e da Real República do Hraki,
Revivia a Coimbra dos finais dos anos quarenta, o Basófias, as praxes e os canecos, as noites de anfetaminas.

O Policarpo, Poliarpo para ele e psra os amigos, olvidava os cês. E os estudos.,
A malta, cansada da noite e dos speedes imprescindíveis à insónia e ao estudo, vapulada pelos profes no exame da manhã seguinte e o Poliarpo a passa-los todinhos, a ampulheta mais curta e a unha e a cunha-perdão do tio, bispo de Coimbra, mais comprida: fato e água-de-colónia, as asas do esfenóide a captar a pergunta e os dedos a tiquetaquear nas coxas trémulas, aguenta-te volatim, meio exame e meia ampulheta e está feito!
De volta aos colegas, virava-se na direção da porta:
- Piuinhas!

Terceiro ano, cadeira Patológica.
Uma razia e o Poliarpo na corda bamba. O professor, austero, cotovelos sobre a bancada e mãos na cabeça, Querem ver lá este agora com a mania, mais papista que o Bispi, desesperado entre a cunha e a massa cinzenta pouco ginasticada do Poliarpo, o microscópio, uma coisa para ver a nervura das folhas e os bichos de rua, as lâminas só para a barba, nem duas para a caixa,

- Senhor Policarpo... Meta lá as mãos na consciência e diga-me se merece passar...
- Mas ual onsciência nem meio onsciência, senhor atedrático, eu uero é o dezito !







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