segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Cena # 1610 - O Caso Sumol.



O Zeca era um pobre diabo,
Chapéu mexicano, muito alto, calças curtas arrancadas aos estendais, a bicicleta roubada, trocada por outra,
- Para a vizinhança não desconfiar...- desembuchou à minha mãe, nomeada oficiosa,

Nanava num galinheiro, a comida que achava, enterrava,
Foi dentro: saltava o muro do supermercado junto à autoestrada, e pilhava grades de Sucol, empilhadas na burra,

O juíz, que não o meteu engaiolado, indagou,
- Porque não bebe água, homem de deus?!
- Saiba sua excelência que não aprecio água...
- Mas nem em minha casa bebemos Sumol todos os dias...- reparou,
- Sucol, senhora doutor juiz: Sucol!, O Sucol é melhor do que o Sumol!

Tão pouco sumo, deixou a prisão preventiva, com uma cana e um saco às costas,
Reconhecido, picava diariamente o ponto no tribunal,

Morreu semanas depois, atropelado na autoestrada quando preparava outro, golpe do destino,
O pessoal do tribunal quotizou-se para pagar o funeral: agora, que encontrara uma família.



 

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