domingo, 2 de abril de 2017

Cena # 1321 - A Mudança de Óleo.




                                   I


- Afinei para muitos, e só desafinava com o César Torres,
O Boca de Sapo do Romãozinho, o Marreco e o Cooper S do Lopes Gião, o Gordini do José Lampreia,


Ao tempo da outra senhora estampada nas notas de mil, o rally terminava frente ao Museu dos Coches,

Quer saber,
O Romãozinho a arrancar as meias e os sapatos para ter frio e não dormir,
O Manuel Gião destroçado, desclassificado porque o radiador tinha uma diferença de um ou dois favos,
- Mas alguém se lembra de os contar?!,
O Vasco, que apontava os tempos para o Carlos Ferreira, + ou - em relação aos outros e, por fim: no último cartaz, favas contadas em primeiro, com o dinheiro do prémio pespegado no painel, aos saltos:


O carro só saía das minhas mãos quando o cigarro me regressava aos dedos, após se equilibrar sobre as tampas das válvulas e não cair!, É isso,
O Fernandes tem um problema nas válvulas: largou o cigarro, teimam em alargar.

Está fodido, vai morrer do coração.




                                    II


- Lembra-se dos anos setenta, doutor?!,
Fechava tudo à sexta, banco aberto só o do hospital, e o papo-seco o de véspera,

Pediram-me para ir buscar o carro a Castelo Branco. Os distribuidores usavam um condensador...,
Tudo fechado, desencantámos o condensador onde o diabo perdeu as botas: o Manuel comprou um quilo de batatas, cortámos às rodelas e fizeram à vez de condensador (ligávamos-lhe os  fios e as pás e, quando secavam, substituíamos)
O Manuel: não gastava um tostão além da conta: maos meio quilo de batatas e chegávamos a Alvalade!
É a lógica, ficámos apeados. A ver navios. E os barcos que desciam o Tejo.


Os carros avariavam e tudo tinha a solução MacGyver,
A eletrónica é muito bonita, mas avaria e encosta!,
- Vale o banco,

E a mudança de óleo, à moda antiga: não se perde tudo e pode ser ali mesmo.,
Que para ajudar, ninguém (re)para...













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