Ao sétimo dia, gandaiavam o coxo e o gago, e Jesus, por terras da Galileia.
Apressou-se o gago,
- Je-je-sus, po-di-di-as fa-zer um mi-la-la-gre, pa-ra eu dei-xa-xar de ser ga-ga-ga-go e e e o co-co-co-xo lar-gar-gar as um-mu-le-tas...
Jesus não estava para aí virado. Era domingo e não almoçara mas, na sua inesgotável paciência, lá anuiu:
- Faça-se a vossa vontade! Ides para trás daquela árvore e aguardai...
Minutos depois, que o coxo arrastava, ordenou,
- Coxo, atira uma das muletas!
(voa uma delas)
- Larga a outra!
E continuou:
- Gago, agora, piriri, piriri (onomatopeia para milagre e, isso, também o gago fazia), agora falas sem soluços e arrancas em quinta!, Apareçam!!
Aparece o gago, do coxo nem sinal...
- Então e o coxo?!
- O co-co-xo?! O co-xo ca-ca--iu!!
Não sou católico: nascesse na idade das trevas e acabava purificado, na fogueira. Sou ateu, do pior, um herege, os meus pais, como bons católicos, crucificam-me.
O Vasco nasceu com um problema: não era perna era uma roda de bicicleta com o dedo grande a tocar no joelho. Ao segundo dia já andava pelos corredores e salas de espera da Estefânia, que é forçoso o resguardo no primeiro mês. Eu, mãos de urso, dobrava e corrigia-lhe a perna, aos gemidos do Vasco e às lágrimas que me caiam em fio...
Melhorou muito, valeu a pena e valia qualquer centímetro. O colega Carlos Martins observou e seguiu-o. Fizemos o Tê Pê Cê: a Fé dá trabalho. Agarrou no papel e lápis, rabiscou uma perna, simples, a mais b e sossegou,
- A tendência é para retificar, talvez uma ligeira dismetria que corrigiremos!
Acertou: os deuses nunca falham.
Há dias, a minha mãe, que acredita em tudo e que saímos da crise, cagou sentença,
- Devias de ir a Fátima, agradecer o milagre à Nossa Senhora...
Aí,
Não me contive,
- Ah, sim?, Então e onde estava a Nossa Senhora quando ele nasceu com a perna assim?!
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1 comentários :
Que nome!!! Mas que há de tudo é verdade!
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