When a man is tired of London, he is tired of life"
Samuuel Johnson.
O hotel,
Limusinas à porta, fatos e gravatas, a alta finança ocupava a conhecida cadeia hoteleira, em Marble Arch. Estranharam a nossa chegada, gangas, ténis e mochilas. No dia seguinte, éramos conhecidos: todos diferentes, todos iguais
- Preferem o anonimato...
Discrição e sofisticação, pequeno almoço hipercalórico: quem não é para comer não é para andar e anda muito longe do pequeno almoço vitoriano, cinco pratos mais sopa de tartaruga!
Na National Gallery, a excelente qualidade do catálogo é otimizada pela individualização das obras (no Louvre e Hermitage, obras sobre obras: arte a montes), pelo espaço amplo e luz apropriados; ei- los Van Gogh e Gauguin separados em vida e nas cadeiras, melhor esta, de madeira e palha e, por ironia, juntos, aqui, nas flores e soberbos, os nenúfares de Monet, no seu jardim do Éden, em Giverny...
Gosto dos banhistas e do azul de Cézanne mais do que as suas naturezas mortas e, cereja em cima do bolo, as outras de Seurat, que bate aos pontos, recusado e exposto numa cantina.
Desapareceram os neons da TDK e da Sanyo, de Piccadilly, em trabalhos,
E os embusteiros que vendavam religião, e o vendaval de profetas da desgraça no Speaker's Corner, às moscas.
Em Covent Garden, os saltimbancos, palhaços e a mulher leopardo já ocuparam a piazza e a animação de rua projeta-se para o interior do pavilhão, onde o barbudo esculpe a partenaire, atirando-lhe uma e outra faca,
Com a Leonor está lixada,
- Está feita ao bife...
Preguiçámos nos queijos irlandeses da Neal's e nas livrarias de Charing Cross, um salto ao BM e lá estão, os baixos relevos do puzzle do Parténon, que os gregos teimam em reclamar para os abandonar no solo de Olimpia e Delfos...
A pedra da Roseta mais inteligível que a letra pictórica e inclassificável da classe médica, o Homem de Lyndow mais novo que eu.
A Torre.
Algumas coroas denunciam cabeças microcéfalas em antepassados distantes: mesmo assim o Reino andou para a frente e, reza a lenda, definhará com o voo dos ilustres corvos da casa.
Ele há histórias do diabo e, não vá o rabudo tecê-las, os beefeaters arrancam-lhes as penas e asas...
De um e outro lado, o ovo e o foguetão de Foster que os cockney, em tom jocoso, apelidam de testículo e pepino eróticos. Podia ser pior.
É, a Leonor anda toda partida, antes mesmo da partida para Londres: são os meus e os teus, são nossos e não podemos pô-los à porta de outros.
Estivesse cá,
- Comprava bilhetes para a época, no Globe.
Assisti à recriação de peças no ambiente popular à época isabelina, com a malta de pé, junto ao palco marimbando nus assentos, intervindo e interrompendo os atores,
- De pé?!, Não aguentava...
Não sei como aguentas. Nem comigo, fora o resto, outro dia destes.
Por menos, acordo com(o) a Florbela, com o forro do casaco de porco espinho, virado para dentro.
A Tate e a antiga turbina dominam a margem sul do Tamisa,
Gosto de algum surrealismo mas prefiro o realismo (não a corrente) da lagosta ao natural,
Ao moinho de café, cedo cedo à genialidade do bigode na Mona Lisa e o urinol, levasse-o para casa e a Leonor partia-mo na cabeça, em cacos.
Mais Warhol, e menos Lichtenstein que se compra nos quadradinhos da esquina.
Adoro a cor (que mais?) dos Rothko. Pior, fico estúpido e estupidamente fico a pensar naquilo.
Percebe-se no mapa, nenhuma cidade do mundo tem os parques de Londres.
Vegetámos em St. James, originalmente um parque de veados e, a despropósito, onde Carlos II se passeava com a amante, lanchámos no Serpentine e lagarteámos na relva de Hyde Park e o mãos que não vem ao caso,
Esqueçam o Harrods e o tributo a Diana: não é kitsch, é o piroso mesmo, mesmo por isso,
A imponente fachada em Arte Nova, do Selfridges, ocupa um quarteirão, na Oxford: dentro não se vende elefantes só porque não cabem nos sacos verdes e amarelos!
Na Madame Tusseau, belisquei o rabo da Angelina, ela não se importou e a Leonor também não... Beijei uma e outra boazuda que a quilo dá para todos: pena serem de cera e não falarem ou melhor serem de cera e não falarem.
A meia milha de Porobello, o rapaz de cabelo cenoura parou o MG raiado,
- Querem ajuda?
Não,
- Queria era os dedos do Marr e a voz do Morrissey...
- Gosta de Smiths?
- E da minha mulher: vê-se.
Volto sempre, às casas de fachadas aguareladas, às grafonolas e aos vinis, às fotos antigas, à roupa vintage e aos uniformes. Passei de capacete, de polícia ainda por cima, à Leonor tem razão,
- Continuas a criança de sempre,
Amo-te,
Gosto de ti assim.
Ah, os Smiths, em Portobello:
And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine
There is a light that never goes out, there is a light that never goes out...
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1 comentários :
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