Não foi por acaso, nada é por acaso: a vida é feita de marés.
Maré-cheia: o milagre da multiplicação dos peixes.,
A vaga de emigrantes dos primeiro e terceiro quartéis do século passado caiu na rede de passadores e de mercadores de sono, na lama de Saint-Denis e de Champigny,
A Europa, destruída dos pós-guerras, carecia de mão de obra; Salazar salivava pelas remessas, troca gente por armas, para a guerra colonial,
Cabem lá todos, quantos mais cabrão:
Baixa-mar.,
Doze mortos. A carrinha, entregue a um miúdo de dezanove anos e que carguejava os portugueses feitos mercadoria, embateu violentamente no camião: doze pessoas perderam a vida.
O patrão está bem, obrigado. Ia atrás.
Outros, são vítimas do tráfico desumano.,
Não vivem nos bidonvilles: sobrevivem em contentores.,
Acabou o passaporte do coelho mas não há coelhos saídos da cartola: deixámos a lama mas continuamos na mesma merda.
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