quarta-feira, 9 de março de 2016

Cena # 836 - A Turqueza de Pamukkale.

 
                       Purple rain, purple rain
                       Purple rain, purple rain
                       Purple rain, purple rain
                       I only wanted 2 see u, bathing in the purple rain.
                                                              Prince, Purple Rain.


A autopullman serpeia vagarosa no carrossel do Cokelez,
Aqui e ali, numa aldeia, a garrafa pendurada na chaminé anuncia a vontade da rapariga em casar.

Entre o çai e a conversa, esqueci os calções: mudo-me e sou apanhado com as calças na mão,
- Ingilizce biliyormusunuz?, Do you speak english?,
Da Renault doze, mais enferrujada do que branca, saltam cachemiras chinesas e pashmiras, kilins por djidjins de cozinha cem buracos, gato por lebre e peles de coelho, colónias turcas,
Uma coluna em gesso:
- Original, Hierápolis. Ucuz?, How much, how much?!

A Turquia é o paraíso de muita coisa e da contrafação jurada verdadeira,
Comprei um Breitling há dez anos, barato, numa altura em que um par de peúgas custava nove milhões, único senão: um quarto botão para ultrapassar manualmente os dias, o mês tem quarenta dias e retorna ao primeiro...,

Lokum, Turquish delight?,
Pamukkale: as águas vulcânicas deslizam pela colina e aí depositam os sais calcários, esculpem terraços de paredes estalactíticas,
O Mar da Tranquilidade numa paisagem lunar, não fosse as águas turquesa das travertines que, em degraus, descem à vila, ao lago azul-porcelana e o verde-montanha que nos acolhe...

O Spa de Hierápolis: reza a lenda que Titã esqueceu no penhasco, as vestes de lã ao sol,
Deixei o zénite e a roupa para trás,
As travertines pintam-se de

Amor, vem!,
Quero banhar-me contigo,
Na tepidez púrpura do fim da tarde...
 

 

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