A anda com B e há a C, casada com B.
A vida a dois é um círculo, anda para ali às voltas, as pessoas enjoam e dá para o torto; B parece estar no meio de, mas num triângulo há três pontos, individualizados e paradoxalmente unidos que não se encontram. Ou encontram-se...
- Já sabias?
Fingi a pergunta, coisas do peito não me dizem respeito: sabia-lo por A, minha doente, fizeram amor em Veneza, com vista para os canais.
O marido andava em negócios e trouxe flores para casa, sorriu a esposa à Leonor,
- Ocupa-o e é bom, tenho mais tempo e vou ao fórum, umas férias fazem sempre bem ao casal!
Reformado há pouco, continua no ativo.
Os outros são sempre bons e exemplo, um Senhor!, é a Leonor que, jura, conhece-os a todos e melhor a mim e jamais se engana, B não parte um prato, parte a bilha e a louça toda, o hábito não faz o monge e há muito filho da puta e da igreja a passear-se por aí...
Vivia tudo alegre e na paz do Senhor, pontos nos is, desfez-se o triângulo. Anda tudo aos caídos.
Não quero saber se A anda com B e com C, não andava com nenhuma, apareceu C e anda com as duas, menos mau, nada tenho com isso nem com conversa de encher chouriço: interessa-me que as pessoas pouco estimam o que têm, anda tudo ao mesmo e, depois, é fácil, pega-se no instrumento e rabisca-se um triângulo e, num segundo, um segundo aparece...
Voltou à carga, ontem, quando jantávamos com amigos.
- Já sabias e não me disseste?!, não tenho ninguém para fofocar...
Cobras e lagartos, valoriza mais o dinossauro que tens em casa, um dia cai um meteorito e, num segundo, tudo acontece...
- Leonor...
... Amor, não gostavas de voltar a Veneza?...
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