quinta-feira, 13 de março de 2014

Cena # 215 - O Bilhete de Ida.

Um indivíduo vai ao médico e está lixado, pior se o médico é o filho, escreve-se com efe, escolhia pelo catálogo do Solnado e ficava-se pela entorse.

A minha mãe foi operada pela quinta ou sexta vezes, mais valia o fecho-éclair. Fui vê-la à tarde, três horas depois de cinco da cirurgia. Dei-lhe a mão, molhei os lábios, secos, com uma espátula embebida em água. Espanta-me a sua força e o sentido de humor:
- A Velha é crente mas não devota de S. Pedro, guarde lá ele as chaves e, como boa católica, aceito o jejum como parte da quaresma...
  Diz-me, os meus netos?
Otimismo, o étimo optimus inimigo do bom, com ou sem telemóvel, são coisas e dizem-lhe pouco ou nada, reencontra-se na família e nos amigos. É feliz.

Enfardei no centro comercial, as tias do antioxidante estavam enojadas, combate ao radical, mamão e betacaroteno, chá de pés de cereja e tem barbas, ajuda à mija e finge emagrecer.
Crudívoros e adeptos do cozido, a dieta do grupo sanguíneo e os indefetíveis da cabidela, do fois gras e do cabide,
Porque lhes dá prazer? Força!
Porque, assim, não morrem?! Mesmo Matusalém se finou, deprimido e com as articulações ancilosadas, nem com óleo de fígado de bacalhau nas dobradiças aquilo já ia!

O finório morre da boca e do enfarte, porque não faz nada e porque trabalha com cancerígenos e com outros que desconhece, porque pedala a bicicleta e o maluco tira as palas e se distrai, o Portinho lá em baixo, e o céu, tão pertinho aqui em cima, em suma, morre-se de alguma coisa, disto e de a quilos, com um vaso com flores na cachimónia, porque isto de um gajo estar vivo, um destes dias ainda acaba mal.
Morre-se: porque sim e porque também.

You only live once, aproveitem e sejam felizes, viagem adiada é viagem perdida e um dia será a última
e
Viva a Velha!, OBRIGADO, MÃE, por seres quem és.

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