Cena # 82 - Fuck Troika !

Dezasseis de setembro de dois mil e treze: declaro, formalmente, guerra aos alemães.
Estacionei o bê eme.
- Em cima do passeio! Porque não estacionas ali?
Mais para não a ouvir do que convencido, lá arrumei o carrinho onde me indicava. Ainda rezinguei:
- A rua é estreita, ainda batem no carro...


Deixámos o Simão e o Vasco no infantário.
- Ainda tens tempo para um café?
Vagabundeámos pela baixa. Hora e meia depois, bocados a menos do meu carro e a mais, de outro... O zeloso proprietário da loja de barcos em frente, estendeu-me um papelinho:
- É a matrícula da autocaravana que lhe abalroou o carro, com um casal de alemães lá dentro... Arrancou-lhe o para-choques traseiro e parte da porta das crianças, até levantou as patinhas de trás no ar, mas o seu também não se ficou e aí está a lateral dele a confirmá-lo! Perceberam as pessoas e debandaram na direção do Cais do Carvão...
Enfiámo-nos no carro.
- Vês, Leonor...
- Ora, podia acontecer com o carro do outro lado! Quando tem de ser...
Apresentei queixa, na polícia de trânsito.
- E já deu a voltinha por aí, a ver se caçava os alemães?...
(verdade)
- Eu?!, Mas se foi para isso que aqui vim...
- Aqui?!


Recuso o fato, e para gravata basta-me o nó da troika que me sufoca, mas que lá vou aguentando pois se pedimos há que pagar conquanto, ingenuamente, finja não perceber como, exceto por agiotagem, continuem a emprestar dinheiro a quem não honra... Ainda assim, é preciso virem aqueles bárbaros, Europa abaixo para, não contentes, destruir o carrinho do indígena?,

Assim não! É um círculo vicioso: partem o bólide, maldizem e lá emprestam mais algum para lhes comprar outro, mais dívida e mais aperto na carótida e quando julgamos quase pago, outra cacetada!
Fuck Troika!

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