terça-feira, 2 de abril de 2019

Cena # 2060 - Ao Menos Falamos Todos do Mesmo:


O outro,
Russell, só tu para não defenderes as ideias até à morte,
- Quem sabe, posso estar errado...


Errado?,
O que vemos, do que vemos. Mais o que não vemos e o que devíamos ver




Gosto,
De Kandinsky e de Miró,
Da Dança, de Matisse,
Do circo Médrano, de Seurat, e do Fernando e dos bordéis de Degas, do amor lésbico, mas amor, de Lautrec, dos cartazes
Das capas de Rockwell que visitei no Guggenheim, duas latas de tinta e os Rothko, na Tate.


Gosto de azul,
E não tanto de Klein,
Mais do Inferno de Bosch que do Juízo de Miguel Ângelo,
Dos rostos eternizados por Rembrandt e dos retratos de Modigliani,
Do momento, em Vermeer; alguém conta uma história, melhor do que Warhol?,
Da América de Hopper e dos nenúfares de Giverny,


Gosto,
Das telas desdenhadas de Gauguin e de Van Gogh, de trás da orelha,
De Khalo, e do Ensor que moteja nos médicos,
Do humor de Groz,
Do Retrato Oficial da Junta Militar, de Botero, generais de brincar e o cavalo lá metido,
Da bicharada Dali.
Já perceberam: não percebo nada.


Gosto de Mondrian e do Escher infinito, ando às voltas: finou-se, ou não?,
Coexistem dois ou mais mundos?, o Velasquez d'As Meninas e o ubíquo da tela e que a esconde, quem sabe, outros Velasquez,
Ou... Ou: o interior não é o exterior... (Kierkegaard),
O cachimbo de Magritte lá está: não está, muito mais do que a representação de Locke,
A Arte é uma mentira, na boca de Picasso,
Uma merda, de Manzoni.



Do que percebo,
Os gostos discutem-se, não gostos e desgostos são tempo perdido,
Vejo a laranja?, laranja não é certamente: juramos o nosso conhecimento verdadeiro (Rorty), quem nos sabe enredados num teatro de sombras (Platão) ou bonifrates num Truman show...



Convivi com dois Jorges, parece que morreram este ano, sei lá
Amanhã o sol nasce, foi-o ontem e desde sempre (Hume),
Um dia não nascerá para nós...,
(mesmo se Deus está morto (Nietzsche) e reaparece nas sombras da Caverna)
Tudo é relativo (Quine), mas Russell creio-o certo: dia a dia, o agricultor enche o papo à galinha, até ao dia em que lhe torce o pescoço...
Por acaso?, chamo-me Jorge, é-vos familiar...


A dúvida cartesiana é um metódico inferno, transformada paraíso, pela negativa: se as premissas ou, pelo menos, a mera suposição de que uma delas é falsa, desaba a construção, o que de mal acontece pode não passar de ilusão...


Pintamos o nosso mundo sensorial da cor que queremos (Kant),
Deliciemo-nos com o ilusionista, descobrir-lhe os truques é buscar uma mão cheia de nada...
Levar a sério a vida?! (Nagel), o diz-que-disse-cu de quem não nos estima, ou as coisas menos boas que, às tantas e a páginas tantas, nunca existiram...,


As boas?,
Boa: estão no papo e ninguém mas tira: nem que me torçam o pescoço.


Aproveitemos a vida, o outro lado chegará.
Para quê, complicar...



:Isto e a quilo,
De qualquer modo, vão julgar-te e arranjar defeito, assim: sê tu mesmo.

Poupas chatices. Sem equívocos: toda a gente fala no mesmo.














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