quarta-feira, 28 de junho de 2017

Cena # 1411 - A Cura de Cesário, Verde.


Chamemos-lhe Cesário, verde de juízo.
O Cesário é hortelão e velho conhecido, vende alfaces, brócolos e o que a terra lhe tira, no Livramento. Amigo do amigo, a isca ressente-se, conservada em álcool.
Observei-o em casa, cinco dias depois de
- Uma cura com Dursban, sem máscara... Horas depois, doía-me tudo o que era músculo e dobradiça e não me aguentava nas canetas! Ontem, dei em vomitar...
(cinco dias, parou-te a cebola?!)
- Para não incomodar...
Palpei-lhe o fígado, gordo, repolhudo. Faltava qualquer coisa...
- Cesário, a urina é amarela?...
- Não, já me esquecia, mijo vinho do Porto!
Um pormenor.

O Dursban é um pesticida; herbicida, rodenticida, acaricida sem carinho, homicida ou suicida e está na ida. A loiraça tem seis, a branquinha e o whisky, quarenta, mas os organofosforados, seiscentos e cinco, para mais, forte, atravessam poros e alvéolos e, provados, matam o bicho de vez.

Escrevinhei umas linhas
- Tudo isso para tomar?!
- Não, tudo isto para o colega te internar, cabeça de alho-porro!

Abancou há dois dias, lindo menino, com a máscara posta e a fazer os exames, é a lógica da batata.
- C'os tomates!!, não tinha mal e quase morria da cura...















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