quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Cena # 414 - Um Amigo do Caralho.

A bolinha vermelha substituída pela mesa de snooker: um vendaval de bolas vermelhas, O Conhecimento do Inferno, do Lobo Antunes, "Foda-se, disse o furriel que limpava as botas com os dedos, (...) porque o caralho da cona..."



Lembram-se do pelintra que sacou cem euros do multibanco e ficou com duzentos, outros duzentos e o saldo nos quatrocentos, a máquina não avaria,
Mau sinal, o que varia é o sinal, mais negativo.
Acontece aos Melhores, somos todos, está mal: quase todos, iguais,
Precisei de algum dinheiro, na hora, o Faustino desenrascou a mossa.

Antes, não havia telemóveis e a gente entendia-se e não se estendia, ao comprido, nos sistemas de alta voz...
O Simão soprou as três velas, ontem, no infantário; levei a minha mãe e a minha sogra ou não me perdoavam,
Liguei ao Faustino, combinei entregar-lhe boa parte do dinheiro, ali para os lados do Nelson, no Quebedo, um maricão trancou-me o carro,
Atrasei-me.
O Faustino evaporou-se, decerto me esqueceu nos afazeres,
As velhas aguentaram-se à bronca, e à outra, em alta voz,
- Foda-se, caralho, passou-me!
Passou-se, não importa,
- Diz-me onde estás, vou ter contigo...
- Desculpa, caralho..., Telefonou-me outro paneleiro, não fosse o filho da puta...,

Tenho o dinheiro para lhe entregar e está ali para as Curvas, na coisa da mãe, a dele,
Aos saltos, mais as velhas tesas que nem um carapau, mulher séria tem ouvidos.

Saí do carro,
- Amigo, estavas ao altifalante, com a minha mãe e sogra a ouvir-te, caralho para cá, caralho para lá, do que as foste lembrar...
- Meu Deus!
Acenou às velhas,
- Boa tarde, minhas senhoras, está tudo bem?!

Amigo, que Inferno, da puta que os pariu, mais os gajos que inventaram esta porcaria do telemóvel!



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