Achou-me estranho e isso é bom, eu, estranhei estranhar-me,
- És decididamente maluco! - decidiu ela -, Vais comer gelado de bacon?!,
Fora outras,
Quem me conhece, estranha: vou a todas., a essas não, amigo Gil,
O Padre babado pela Branca, no Auto dos Físicos,
- Pr'ó Diabo com a missa, julgas-me Deus?!
Ela acredita,
Nos voos de Santa Cristina, na Dança do Sol e na bilocação da Irmã Jacinta, nas desaparições de Fátima,
Na cura dos leprosos e na ressurreição de Lázaro, no exorcismo do mudo, se ouvia, ou não, vozes, nunca disse uma palavra, no paralítico de Cafarnaum a quem Jesus, naturalmente esgotado, ordenou: Levanta-te e desanda!,
Não batam mais no ceguinho,
Dou de barato o milagre de Moisés no Mar Vermelho, que não é,: a separação das águas entre Israel e os vizinhos vem do tempo do cagar de cócoras.
Se nunca vi porcos a pedalar, trejura varas transvertidas em serpentes,
Acredita que Santo Amaro caminhou sobre as águas e no conto do vigário,
Na transfiguração e na ressurreição dos filhos deste e daquela, de Naim, na multiplicação dos pães, na água que se transformou em vinho e, este, em sangue,
Peixes com moedas na boca,
Não foi Santo António que meteu o morto a falar e as passarinhas na ordem, isso sim, difícil de explicar,
Doenças, fome e pragas, maldições e todos os demónios do mundo, quem inventou o mundo que os trate.
Cético, sou muito certo, ou é o meu mundo ao contrário,
Creio nas leis da natureza, dois mais dois são quatro e quatro vezes quatro igual a carro e, ver para querer, no Capitão América, à minha frente, na fila para a imperial.
- Vais comer o gelado de bacon?!
- Sim, estava lá para venda?...
Ela acredita, piamente, pianinho,
- És maluco!,
Está decidido: maluco, era-o mais se visse coisas,
Sorte minha: se internassem todo o maluco que vê coisas, ficava isto entregue aos bichos!
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