O Virgílio era meu doente e um mau doente.,
A irmã não entrava, inteirava-se do estado à porta da casa ou no consultório, O zigoto transformado naquilo: um bicho do buraco de poucos amigos, da tropa e com defeitos, a cunhada, santa em vida.
Outros tempos, já há pouco daquilo, a Laura perdeu-se de amores e casou, São mais de cinquenta anos aqui fechados neste buraco mas valeu a pena, o primeiro e único homem, trabalhador e respeitador,
- Nunca me bateu,
Ele e a irmã não se dão e eu gosto dos dois, o vestido de noiva pendurado,
- Casava de novo...
O Virgílio esqueceu as chaves e o dinheiro escondido que comorava da família, varreu os amigos, lucilou a esposa e a irmã, baralhou-as e, por fim, apagou: o Alzheimer lenteou-lhe o pensamento, ficou com as memórias, não levou (com) o mau feitio.
- Veja só, doutor. - Paciente,
A esposa mostrou-lhe a fotografia em sépia, dos dois sobre a cómoda,
- Virgílio, sou eu, a Laura, a tua mulher., Lembras-te?... - apontou a moldura, lágrimas nos olhos.
Fixou-a por uns momentos, reconheceu-se e renuiu, os perdigotos atrapalharam a resposta,
- Ora, sou eu!, Mas você precisava de comer muita açorda para ser essa aí!!
Partilhar esta Cena...
0 comentários :
Enviar um comentário