quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Cena # 100 - A Festa da Dina.



O melhor do mundo são as crianças, jurava o poeta...
- Sim, na casa dos avós! - reclamou a Leonor - Quero beber e estar à vontade!

Passámos a mota para o outro lado. A Dina festejava a entrada nos "entas", Soltroia pegou fogo, foi mesmo o acontecimento do verão: gente bonita e bronzeada, o Pedro nas misturas e o Queiroz nas outras, da bebida, a Patrícia nos comes e bebes e o Helder, espeto enorme e o porco às piruetas naquilo!
A bebida também já falava, dançava-se, junto à piscina, como o egípcio e em fila que apita o comboio, cá em cima mãos no ar, agitadas, para um e outro lado, ao ritmo dos Village People. Por azar, não bebo, melhor, agarro num caneco e logo meto água, enfim, toda a gente tem defeitos, nunca fui às putas nem descurti uma bebedeira, em três ou quatro palavras, uma merda de homem. Mas, no caso, ainda bem...

Por diversas vezes, vos escrevi em coincidências (ou não), peças aparentemente soltas de uma charada maior que algum sentido, porventura, terá (ou não...). Temo beber, sou um fracote, temo ser preciso e arrependimento não deixa a gente dormir... No meio da festa, gins e vodkas a sair e eu, de cola na mão, a encher a tripa de ar! A V. veio ter comigo.
- Desculpa, Jorge, não te queria incomodar mas o meu pai... Começou a urinar sangue, foi ao especialista e, outra vez, ao hospital e também não era nada... Solicitei uma urocultura, que aguardo, mas não estou nada descansada!
- V., insiste para que realize, tão cedo quanto possível, uma ecografia! Posso requisitá-la, de imediato, o nome do teu pai sabe-lo tu...
(as receitas, as vinhetas e os papéis enchem-me os bolsos, as mulheres têm as malas e não percebem, a Leonor aponta,
- Olha para esses chumaços!
E eu só me lembro do Garrett na sua vaidade, chumaços nos ombros e nos genitais e, certa vez, o criado ao ajudá-lo a despir:
- Afinal, Senhor, disto tudo, o que é seu?! )

Poucos dias depois, a V. telefonou-me:
- Sabes, tinhas razão, tem um tumor...

Voltando à festa, deu para tudo e houve, mesmo, quem ainda acertasse com a cama! A Leonor cumpriu, não é mulher de faltar à palavra, bebeu uns gins, já ia fifty fifty, não destoava da fauna...
- Mais faltava, sem os miúdos!
Montei a mota, a Leonor abraçou-me, já levo a mota por isso. Percorremos mil metros. A Leonor tocou-me no ombro. Parei.
- Amor, não é melhor eu meter o capacete?!







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