Sou um vadio, assumo: pisgo-me para o laré. Sinto-me no café, demoro-me com os miúdos e nas pessoas que passam: adoro gente.,
Combino receitas nas esplanadas, observo ninharias. Tenho tempo: há anos trabalhava quinze noites em trinta, pisava a casa urinava e demarcava o território, sem alçar perna.,
Ainda assim, o lar as consultas e as juntas mais as autópsias(,) e os que vão tiram-me uns bons anos de boa vida.
Há uns dias, surpreendi-me com o Raimundo, há dois anos de baixa e na baixa: na Baixa de Setúbal, entenda-se. Há anos que nos cruzamos, cumprimenta-me de jornal na mão. Pensava no que faria, se fazia, trabalharia por turnos?!
De baixa,
Escutei-lhe as razões e observei exames gastos: há muito que devia estar a bulir, a dividir por todos custa menos, o sistema permite e o indígena abusa. Quase me desculpei,
- Raimundo, está na altura de ouvir o patrão...
Aceitou com um sorriso. e antes de sair perguntou:
- Você é médico?!
- Há muitos anos, Raimundo...
- É engraçado: vejo-o tantas vezes na baixa que sempre pensei que não fazia nada!
Já somos dois.
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