quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Cena # 432 - O Mundo a Preto e Branco.



Portugal não é racista e eu muito menos.
Andou o inglês às voltas com o prato, e logo o caleidoscópio de cores se fundiu num desenxabido branco e anémico, um morto vivo sem graça: o preto é ausência de cor, vai o indígena à praia tão-somente para pontuar os monoquínis, mais o outro que virou branco como a cal e não foi do susto nem do propofol.
A Constituição não ajuda , preconiza a igualdade e impõe que ninguém seja beneficiado ou prejudicado em função da cor mas, depois, mistura as convicções políticas, borra a pintura: assim, com olhos, abanicos, boca e nariz para a frente virados e mais ou menos castanho, o resultado não é famoso mas não compromete a harmonia e pregnância da Gestalt, vale, mesmo, a elevação do Ser.



José Manuel Branco (nome fictício), divide o mundo à moda de Tordesilhas, a metade com quem petisca, de café, e a outra metade que engana. Mantém a sociedade - mentira, o nome não é o mesmo -, a gravata e o mercedão, tudo espremido, um filho da puta travestido num gajo baril.

José Manuel II, afro qualquer coisa, azul escuro ou lá o que quiserem, bom marido e melhor pai, esfalfa-se e atesta-lhe o depósito, às vezes recebe e acerta a mercearia.
Quem não trabuca não manduca e se ele sabe disso, estudasse e sabia da engenharia de números, mas chega o tempo de revolta, as crianças com fome e sem cadernos e, esgotado de intrujice e conversa fiada, recusou-se a mais trabalhar, a menos que, e foi buscar papel e caneta,

- Está bem, patrão, vamos meter isto preto no branco !!











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