Submergimos a Mancha, farnel às costas, o metro largou-nos em Châtelet Les Halles.
- Vou-te mostrar Paris, de uma ponta à outra!
O Centro Pompidou, a parte exterior a de dentro em simbiose com a arte moderna aí presente, o polvo com os miolos de fora.
A Notre-Dame, centro geográfico de França, está para ali um marco, estilo gótico, e a rosácea com duas torres góticas, ou não gostes, por companhia...
- Isso vejo eu... podemos beber café?...
Perdi-me no Quartier Latin e no caos da Shakespear, St-Germain-Des-Prés e paragem obrigatória no Cafe de Flore!
- Abomino o Sartre, penso, logo existo e está enterrado, se o existencialismo é isto, um café mais um chocolate inexistentes e dá cá dez euros, podem esperar sentados. Mal aterrei o cu no veludo vermelho e já me sobem os calores, doem-me as pernas...
- Mas há tanto por calcorrear...
Namorámos junto ao Sena, é já ali e já era, a altura da torre fá-la parecer próxima...
As filas estendiam-se, intermináveis:
- Impossível, mais de uma hora só para subir! É pena, é a maneira mais fácil de ver Paris num dia... O restaurante vale a vista, fama e mais fome.
A selfie, os dois ou a torre atrás...
- Temporizador, botãozinho, escolhes o tempo, carregas, luzinha a piscar, estás a ver...
Instinto fatal, desde que a outra cruzou o pernil.
- Não aguento e tenho a barriga a dar horas!
- Cansada, di-lo por simpatia, para coxo ficar bem na fotografia...
Mesmo de uma sandes, um papo-seco com um conteúdo qualquer, a mulher faz uma iguaria de encher o papo e os olhos, arregalados no Trocadéro...
- Mais uns metros e estamos no Arco do Triunfo.
Uns metros: dois ou três mil... A história perde-se no tempo mas vence distancias, fez-se uma réplica, à pressa, para Napoleão desposar Maria Luísa,
- E dá para ir lá acima...
- Em baixo! Nem morta - e já estou! - eu subia!!
Recuperou as pernas nos Champs-Elysées e mulher também é assim, com umas lojitas a coisa já corre.
O Louvre,
- Estou toda partida!!
- Prometo-te uma ou duas alas,
A Mona Lisa e cem pessoas nos separam da criatura a quem o barbudo colocou fundo e vale por isso, a Vénus, o ideal grego de beleza, coxeio, verdade, dá nas vistas, Vermeer e eu.
Meio da tarde.
- Passamos pela Ópera, subimos a Montmartre...
- Subimos?!
Esgotara-se, ela que é toda genica.
Foto da praxe no Moulin Rouge,
- Aquele moinho, o Moulin de la Galette...
- Quem viu o outro, viu-os todos!
Montmartre em dez minutos, o Sagrado Coração em cinco, ala que se faz tarde, o comboio de volta a Londres espera-nos mas não espera por nós!
- Nunca mais!! Amanhã, acordas-me e dou-te um tiro! Isto é de loucos e eu já estava avisada, Paris num dia!
- Vais de papo cheio, dormes bem, amanhã fazemos um programinha mais leve, recuperas...
Mas não recuperou, e no dia seguinte também não... Vieram os enjoos...
Aterrámos em Lisboa, comprámos um teste de urina.
Dois riscos para cima,
Passados sete meses, nascia o Vasco e isso explica muita coisa: Paris é uma festa!
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