segunda-feira, 29 de julho de 2013

Cena # 16 - Um Final Feliz.

 
A ti, MÃE.




A vida não é perfeita,
Ou será, exatamente por isso?!,
A verdade: carregámos dificuldades quando o meu pai deixou a casa e a minha mãe se viu com três menores, A carga.,


A minha mãe,
Ficou pelo ciclo. Ao tempo apanhava malhas, sobrava...
A discussão à mesa era o prato do dia, adivinhou o desfecho e agarrou os livros: há anos que não estudava, concluiu o quinto ano hoje nono e valem o mesmo e, do dia para a noite, despachou sexto, sétimo e propedêutico, e entrou na Estatal.

Quando o meu pai saiu porque não entrou, frequentava o segundo ano de Direito,
Meteu as mãos na massa(,) que faltava: lecionava o Secundário de manhã, à tarde arrecadava um dinheiro extra com explicações em casa,
Às dezanove, corria para o autocarro. Às vinte e três e trinta chegava de Lisboa e preparava as aulas do dia seguinte...
Não se queixava, nunca o fez,
Antes agradecia feliz, a ceia que a esperava na mesa da cozinha, Obrigado:
- Tenho os melhores filhos do mundo!


No ano seguinte entrei na Faculdade,
Estudava e lecionávamos os dois, na Bocage: era uma alegria, ao dia vinte o Estado depositava o bom do dinheiro.
Findo junho, ou julho se nos descobrissem uns exames, chumbavam-nos a remuneração até sermos recolocados, na melhor das hipóteses, nu próximo outubro...


Última cadeira de Direito, em junho, dinheiro fresco na conta., Festa surpresa, balões e camarão...
Subiu as escadas, cabisbaixa,
- Reprovei...
Conhecendo-a de inúmeras brincadeiras e partidas,
- Estás a brincar!

Verdade.
O mal não é cair, é ficar caído,
E em setembro repetiu o exame, com distinção!

Esperei-a na Cidade Universitária., Mês nove, o dinheiro não abundava. Não havia, ponto final?,
Chovia tanto!, Calcorreámos o empedrado até à Praça de Espanha, sem dinheiro para o Trinta e Um.

Em casa, comemorámos com água da torneira e cachorros, era o que havia.
Sem camarão nem balões., E foi dos dias mais felizes da nossa vida!





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