terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cena # 61 - A Reanimação.

Foi numa dessas noites que por lá encontrei o Manuel S., velho conhecido da sua descompensação cardíaca. Já vinha da tarde, sempre no laranja... Dez da noite, doutor, o Manuel ainda vai parar, desta é que o Manuel vai parar e, às onze, o Manuel parou.
Mãos entrelaçadas que não há tempo para figas, cotovelos estendidos, uma ou duas costelas partidas, mais adrenalinas e os trezentos e sessenta joules das pás a ajudar, e o Manuel lá voltou à vida. Não tinha ainda chegado a sua hora mas a minha, sim: quatro da manhã, vale de lençóis, hora do colega Ferraz me render.
Acordei pelas oito, perguntei à enfermeira:
- O que aconteceu ao Manuel?
- Está bem, fresco que nem uma alface, melhor que você, parece um morto-vivo!
Visitei-o no andar de cima
- Então, amigo Manuel, isso ontem é que foi um susto, está melhor?!
- Não, doutor, bem pelo contrário, agora dói-me isto tudo! (apontou para as costelas, provavelmente fraturadas da massagem cardíaca)
- Mas, Manuel, esteve morto!!: esteve do outro lado...
- Você é engraçado, doutor, só você para me fazer rir, está sempre bem disposto!

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