segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Cena # 1986 - Da Rua dos Marmelinhos, às Altas Cavalarias...




As coisas que um gajo vai sabendo e soube a pouco:
Ia eu, de calção e meia pelo joelho, a caminho da Academia, pelos vistos nem vê-los,

O Humberto (des)cobriu a noite, e a careca que se lixe,
- Meio século!, Parávamos na Adega do Paninho, uma tasca farta de casticismo, com um pátio andaluz e o balcão sob um telheiro,
No cunhal, da Travessa da Carranca com a antiga Rua dos Marmelinhos,
- Picávamos uns pipis e umas caralhadas ao Salazar...,

Com um Caetano, as tabernas abriam às sete: alguns operários, à falta de roupa quente, aqueciam-se no bagaço; às dez em ponto, fechavam portas.
Os cafés podiam encerrar à meia-noite e, com licença extra, às duas: era o caso do Central e do Esperança, do Tripa e do Miami, da Brasileira e do Reno, se a cabeça não falha,
- Lugares noturnos..., só em sessenta e seis, só, com os fados, no Beco, e o fadinho, na saudosa Ostra, do Oliveirinha da terra,
Fora isto,

Quem buscava poucas vergonhas, fugia para as casas finas da capital,
- Enchíamos o olho, no palco do Estoril!, Por isto: a quilo, umas mamas com um autocolante a tapar o mamilo...,
Quando a esmola é muita,

O pobre esputava no Ritz Club, na Rua da Glória já se vê
- A formosa Ana Maria de tanguinha,

E o Fontória e o Maxime, na Praça da Alegria, eram: vamos lá ver, o olho do cu e a feira de Sevilha,
- Já percebeu, doutor.,
O badalado Bico Dourado e a Nina, estavam reservados aos alarves de charuto, com a carteira recheada de donas marias e amante com casa posta em Almada,
- Entrava, misturado nos gajos de fato às riscas...
Fora isso, uma vez,

- Fiquei à porta, a mandar vir e a mandá-lo ir, ao porteiro,
Estava com um copo a menos, mais um e não dava conta do recado,
- Partiu-me a cana do nariz, o animal!,

O melhor estava para vir: o Elefante, o Hipopótamo e, com os amigos, na Cova da Onça...,
- Mas isso, eram outras cavalarias!











0 comentários :

Enviar um comentário

 
;