O Laurindo era o maricão da turma: porque era, porque sim, eu e o Conselho dos Filisteus, assim o decidiu.
Havia outros dois, mais ou menos maricas mas menos maricas que o Laurindo e, um terceiro, que jogava pelos dois lados.
A turma era assim composta, o Laurindo e os outros dois que engrossavam o grupo das meninas e o resto com direito à chicha e às revistas de gajas nuas que comprávamos, em grupo, que isto da valentia requer coragem, a dois e quinhentos, frente ao Casino Setubalense.
Um tê quatro de massa cinzenta, tanto espaço e tanto por arrumar, um quarto para os cadernos e outros três atafulhados de parvoíce, não percebia a razão que levava o Laurindo a insistir integrar o nosso grupo, só porque o chamávamos quando faltava alguém para a bola.,
O tempo é sábio, têm mulher e filhos e zero de paneleirices,
Os outros?, mudaram de clube ou fartaram-se do azar da heterossexualidade com que o Senhor os prendou e já devolviam o presente envenenado, mais os estrogénios e a labilidade emocional do gajedo...
No final dos setenta, a fila para a vinte e cinco de abril começava às seis e continuava-se nas seis do dia seguinte: optei pelo comboio. Incerta vez, entra um bisonte de dois metros e isso é certo, acomodou-se à frente,
Incomodou-me a insistência no olhar, ele há malucos para tudo e poucos desta envergadura, a marrar comigo,
- Desculpa, não és o Forreta?!
- Sim...
- Sou o Laurindo!, Lembras-te?!
- Não...
- O Laurindo, o Laurindo da tua turma!
(Sim, o Laurindo Maricão, há muito que percebi, davas-me pelo ombro)
Quase morri no Vale de Elah mas, para isso, tinha de dar o corpo ao manifesto, preferi sair de mansinho, se fica mal é estratégia, Não, não estou a ver..., ou como o outro, tenho de ir, ela já está a dar sinal: a ursa do estômago, diz o médico, até lhe sinto as garras, Desculpa lá, Laurindo, mas não te recordo mesmo, parece que há os que ainda não deram para o outro lado mas são, afinal, mais maricões que tu...,
Safa!!
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