Morreu o filho da puta no dia de S. Valentim: ainda bem.,
A Avareza, a Soberba e a Ira, é certo que não lhe escapavam mas, e
Existisse um Deus e o DESPREZO integrava os sete,
E de lá retiravam a Gula.
Tanto futebol, filho disto e daquilo: sempre lembram a família, discussões, animais, com e sem apêndices à mistura, palhaços e palhaçada, manguito e dedo esticado ao trânsito, vira e ouvira tudo.
Ou julgava.
O velho coronel jazia, caquético, na cama. O tumor vencera-o, a excessiva magreza agravou os traços austeros,
O filho telefonou-me,
- Doutor, pode vir aqui?, Na subida para o castelo...
Cumprimentados, sentei-me na cama, a seu lado,
- O que se passa, amigo?
Nem em estádio terminal, quando acertamos contas com o passado que nus persegue e mói, amolecemos, vestimos e perdoamos, o coronel não quebrou,
As palavras arrancadas a ferros,
- Para aqui estou...
Deixei-lhe a mão, olhei os exames e as notas de alt. Telefonei às enfermeiras para o ligar ao soro com analgesia.. Nem o maior filho da puta merece morrer com dor e dá-se o caso: não somos assim.
- Resta-lhe poucos dias., Aproveitem, conversem...
A esposa percebeu-me bruto, e se fui bruto, não quis que jantassem expetativas,
A esposa telefonou-me no dia seguinte:
- Doutor, rogo-lhe que venha...
(visitei-o cinco dias, faleceu ao sexto)
- Pensei muito, doutor...,
Desculpe aquilo de ontem., foram tantos anos de vida em comum., Uma vida!,
- Era menina e nunca conheci mais ninguém...,
Passava pelo coronel,
- E, hoje, como estamos?
- Na mesma.
Chamava-me para desabafar. Histórias de vida, um inferno,
Tantos anos. De uma vida em comum, cama e sonhos apartados,
Ao princípio, mais ou menos,
- Era tropa, sabe como é...
Ganhou folego,
- Chamava nomes, não lhe conto a vergonha!, Se saíamos, ou olhava para alguém ou despiam-me com os olhos porque os provocava., Depois batia-me, menos mau,
Por fim,
No fim, quando nada resta,
- Não saía., Há anos que piso tijolo nesta casa e que peço a Deus por ele, e por mim, para nos mudar,
Nada,
O meu nome., Sabe como me chamava?!: era Pssst!,
- Pssst, anca cá!
Filho da puta. Sou humano: nem os filhos da puta merecem morrer com dor.
A Avareza, a Soberba e a Ira, é certo que não lhe escapavam mas, e
Existisse um Deus e o DESPREZO integrava os sete,
E de lá retiravam a Gula.
Tanto futebol, filho disto e daquilo: sempre lembram a família, discussões, animais, com e sem apêndices à mistura, palhaços e palhaçada, manguito e dedo esticado ao trânsito, vira e ouvira tudo.
Ou julgava.
O velho coronel jazia, caquético, na cama. O tumor vencera-o, a excessiva magreza agravou os traços austeros,
O filho telefonou-me,
- Doutor, pode vir aqui?, Na subida para o castelo...
Cumprimentados, sentei-me na cama, a seu lado,
- O que se passa, amigo?
Nem em estádio terminal, quando acertamos contas com o passado que nus persegue e mói, amolecemos, vestimos e perdoamos, o coronel não quebrou,
As palavras arrancadas a ferros,
- Para aqui estou...
Deixei-lhe a mão, olhei os exames e as notas de alt. Telefonei às enfermeiras para o ligar ao soro com analgesia.. Nem o maior filho da puta merece morrer com dor e dá-se o caso: não somos assim.
- Resta-lhe poucos dias., Aproveitem, conversem...
A esposa percebeu-me bruto, e se fui bruto, não quis que jantassem expetativas,
A esposa telefonou-me no dia seguinte:
- Doutor, rogo-lhe que venha...
(visitei-o cinco dias, faleceu ao sexto)
- Pensei muito, doutor...,
Desculpe aquilo de ontem., foram tantos anos de vida em comum., Uma vida!,
- Era menina e nunca conheci mais ninguém...,
Passava pelo coronel,
- E, hoje, como estamos?
- Na mesma.
Chamava-me para desabafar. Histórias de vida, um inferno,
Tantos anos. De uma vida em comum, cama e sonhos apartados,
Ao princípio, mais ou menos,
- Era tropa, sabe como é...
Ganhou folego,
- Chamava nomes, não lhe conto a vergonha!, Se saíamos, ou olhava para alguém ou despiam-me com os olhos porque os provocava., Depois batia-me, menos mau,
Por fim,
No fim, quando nada resta,
- Não saía., Há anos que piso tijolo nesta casa e que peço a Deus por ele, e por mim, para nos mudar,
Nada,
O meu nome., Sabe como me chamava?!: era Pssst!,
- Pssst, anca cá!
Filho da puta. Sou humano: nem os filhos da puta merecem morrer com dor.
Partilhar esta Cena...
0 comentários :
Enviar um comentário