sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Cena # 1899 - O Lendário Auto-Stop da Quadrilha Albarran !


Esta aconteceu nas férias do Natal, de setenta e oito: o Albarran desviou o carro do pai. E já acontecera antes, mudar de mãos o Corola preto, artilhado com jantes especiais e rádio CB, a estação móvel da Banda do Cidadão, lembram-se?,



Eles também,
A noite estava fria, prestes a aquecer: assentaram no auto-stop e na Rodrigues Manito, do lado da escola primária, frente ao liceu.
O Albarran mal tinha dezassete e comandava as tropas, o barrete enfiado escondia os dezasseis anos do J.P. e, de resto, os óculos escuros não melhorava a imagem dos outros...

Primeiro carro, uma 4L branca,
- E mais brancos estávamos nós! - lembrou o Alçada.
Do passe social, o Albarran fez-se (a)gente,
- Polícia Judiciária!

A senhora, parada, tremia, e insistiu no que pretendíamos, realmente,
Só tu, Albarran, ou Aldraban para te reinventares, Furtaram a 4L da mulher do governador civil, Tenho de verificar os documentos., Para já, nem lhe interessava a identidade da senhora!

Gostou menos da insinuação, clamou e reclamou outro tanto, a senhora, na esquadra...
O Albarran passou o livrete e o registo ao J.P.,
- Oh, Silva, confere!

E foi assim, meia dúzia de carros parados e outros três, de sirenes ligadas, a estragar a festa,
- Mãos ao alto!!



Esquadra da Luísa Todi...
A senhora apresentou queixa contra o agente "mal-educado e encarado", pior agora, que encarávamos os polícias, sem abrir o bico, engaiolados. O PREC não estava em curso, mas permanecia fresco naquela noite de Natal: a polícia desconhecia qualquer operação da Judiciária e avançaram, com armas e com tudo, receando alguma manobra política!

Urgia retirar a queixa e rapidamente: telemóvel só em sonhos, a senhora era de Palmela e o fixo não respondia...
- Esperámos e desesperámos por comida, Vê tu!, cinco animais enjaulados,
A mãe, do outro, que não era J.P., nem P.J., trouxe laranjas. Deitámos as cascas para o chão, e foi o melhor que fizemos: o chefe passou e passou-se connosco, desatou aos berros e mandou-nos para a, e foi assim que fomos postos no olho, em liberdade, a gargalhar, e com o Albarran a abrir os dedos em V,



O Albarran venceu, e ainda convenceu o carro-patrulha a deixá-lo no liceu, junto ao Toyota. Pouco depois, comunicava pelo CB,
- Que cruz!, Por Cristo, ninguém fez tanto mal para estar preso.., A todos, mesmo aos polícias da Luísa Todi, votos de um Feliz Natal!,

Do vosso amigo Albarran.,
Não guardava rancor. Nós guardamos as histórias. E a dor, de te ter perdido.




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