Dachau, dezoito: nós voltámos do comboio.
Maio de 33: um homem chega a Munique provindo de Viena. Carrega todos os seus pertences: cabem numa mala. Pinta postais, que vende aos turistas.,
O seu nome: Adolf Hitler.
Serve na Primeira. Em 19 funda o Deutsche Arbeiterpartei, no ano seguinte rebatizado com a graça do senhor, Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei: em 28 não consegue três por cento dos votos.
A crise de 29 ajuda. A Propaganda dá o empurrão.
Em 33, os nazis inauguram, com pompa e porque circunstância, o campo de concentração de Dachau: de reeducação. Os direitos humanos: brandverordnung ficam à porta.,
Aqui: Arbeit Macht Frei, só o trabalho liberta. Educa.
O campo foi o primeiro e o modelo, o exemplo para o que se segue: dezenas ou centenas, de campos e deles aos milhares: judeus, polacos porque sim, homossexuais porque assim assim, comunistas e nem por isso, testemunham isso mesmo e os de Jeová, cabem todos dentro: não há lugar para eles.
Cabem dezanove portugueses. Não consta que nenhum fosse das SS.
O mais é (des)conhecido: despidos e despedidos de memórias no schubraum, deixam a família para trás: perdem a identidade, são mais um e mais um número. Vão para a barraca, e esta melhor do que a cela.
O Barracão X é novo: o novo crematório facilita a morte e a remoção dos corpos. A câmara de gás, ao centro, nunca foi experimentada para a execução em massa: há que sofrer.
O trabalho liberta,
Os que não colaboram, porque incapazes estão velhos de saber: há que garantir a Endsiegs, a Vitória Final. Não contam.
A tortura, é preciso educar: Pfahlhängen!,
Os presos formam, cabisbaixos: ninguém olha os cães nos olhos. É racional, eles atacam. São irracionais.
Muitos partiram. Para os que ficam, a certeza de que o próximo dia pode não ser. Ou ser o último.,
Devolvidos à liberdade,
A família desapareceu. A casa e a escola onde cresceram inexistem. A vila lá está, no mapa desatualizado: que diferença te faz o nome de já não tens ninguém?...
No Memorial,
NIE WIEDER: NUNCA MAIS !
À altura: Estaline não era melhor.,
As valas comuns, é comum esquecer Sabra e Shatila: vão ver: e o que mais se verá Videla, Pol Pot e Bashar al-Assad, há Marosca, da grande em Wiriyamu.
O mundo está cheio de filhos da puta,
A História não tem melhores. A história repete-se, o mundo não tem melhoras.
O mundo é filho da puta: se Deus existe puta o pariu, porque existiu Dachau ?
Partilhar esta Cena...
0 comentários :
Enviar um comentário