À memória de
José Jorge Salgado Alves Gatto,
Disco-jóquei do saudoso Seagull.
A festa está ótima, o funeral esperado que junta os amigos que a vida dispersa na rua.
Vivemos ao lado uns dos outros, dizem que partiste: não sei, dizem tanta coisa que e que, gente perfeita e tanta porcaria. Continuamos amigos, sorte tua, já não és meu doente.
Habitas-me, portanto: há muito que não te via, não tenho tempo e o tempo é lixado, percebe-lo desse lado.
Where the streets have no name, passaste tantas vezes, serão as mesmas onde nos perdemos, com nome?... O som alto, q.b. e que bom, mas são os teus olhos verdes, jarros da Arrábida, que me martelam os tímpanos: estranha sensação, tu cá dentro e tu de fora, a bater para entrar...
As cassetes gravadas no Seagull, ao tempo havia disso e daquilo, os maços de folhas que nos marcavam os livros, queres boleia para a faculdade?, o teu clio verde, a menina dos teus olhos, a Patológica, tudo menos isso, não atino com os tumores, Zé.
- Sacas o dezanove da ordem...
Galapos, a praia e a discoteca ao slow de Sophie, aproximaste gente.
Sei lá se morreste a vinte e um do doze, numa capicua que, juram a pés juntos, dá sorte... Sorte, sim: senti-te no gato preto de olhos verdes que se roçou nas minhas pernas e me fitou no último adeus: eras tu. Eras tu que descias e te reinventavas, andas por aí.
Desculpa, Zé, deixei-te partir e ficaste com os outros, sou uma merda e bem te disse que não percebia de tumores, saí com dezassete,
- Para quem tem dezanoves, estudaste pouco...,
soubesse tudo e também o meu irmão cá estava e lá está, prometo-vos tempo, quem sabe um dia destes quando habitar alguém.
Até já, até logo, até sempre: o tempo é lixado, saberás tu melhor ou pior que ninguém.
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