Ano de oitenta e um. O Rio Ave estreara-se dois anos antes na primeira, pela mão do pai Mourinho,
O José Mário preludiava mais visão do que toque, de bola.
Foi pelo Natal, calha bem,
O Rio Ave parqueou o autocarro, fora e no relvado das Antas, e o Porto marcou duas vezes: um a um ao intervalo, e o infeliz Freitas incumbido do autogolo.
O Porto carregava, o Rio Ave, das tripas coração, engolia,
Em seco: pontapé de canto, a favor do Porto,
Ou do Rio Ave: a bola sobrou para o Figueiredo, correu campo e meio com ela e com os dragões, a cuspir fogo e os bofes, atrás dele, mas ninguém lhe chegou às canelas,
O Fonseca saiu e saiu-lhe caro: o Figueiredo não foi de medidas e tirou-as, certeiro, à baliza,
Dois a um, na histórica vitória dos vila-condenses nas Antas.
Veio a calhar,
Foram tempos difíceis em que passámos mal, ajudados por vizinhos e amigos que não esqueço,
A minha mãe preencheu o totobola, no Delta, da Avenida de Angola: doze, e trinta contos, uma pequena fortuna, para nós, à altura!,
Os entendidos da bola, os que sofrem da bola, é que sabem,
- Mas a senhora meteu o Rio Ave a ganhar nas Antas?!
É óbvio:
- Mas porquê, não foi?,
Foi: toda a gente se lambuzou no combinado, e no pudim, regado com o anis Domus !
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