A Leonor ainda perguntou:
- Queres que deixe um deles no vizinho da frente?!
Desvalorizei:
- Não desse conta destes três, estava eu mal... mais dois ou três e a coisa fazia-se na mesma, vai descansada!
Acordaram-se uns aos outros, já a Leonor ia a caminho do hospital e dos cães mais os bichos que a atazanam.
Pequeno-almoço tomado, calções de banho, praia com eles!
Conferido: o carrinho de dois lugares, o chapéu de sol, a mochila com água, sandes e bolachas mais umas maçãs riscadinhas, o saco laranja com os brinquedos de praia, as chaves de casa, o indispensável protetor e os óculos de sol!
No carrinho, o Vasco e o Simão sentados, chapéu de sol espetado, de um lado, sacos e saquinhos pendurados, do outro, mochila às costas, o Tomás pela mão. As pessoas sorriam, é de homem, logo três e trá-los todos controladinhos!
Tem quatro rodas e não é uma moto quatro, qual é a coisa qual é ela, puxa, pesa que se farta, areia fora, com dois marmanjos lá sentados... Nove e meia e já me parecia sete da tarde.
Espalhei os brinquedos, besuntei-os de protetor, sempre a areia adere melhor, parecem uns croquetes mas, pelo menos, não fritam. Escavei, abri o chapéu de sol e, logo, o Vasco:
- Pai, quero uma toalha!
Procurei em vão...
- Não há!
O Tomás, ajudando à festa:
- Fosse a Leonor e não se esquecia, não é papá?!
Querem ver, já tosse o carapau, tudo se resolve, voltar para casa com estes vândalos é que não, rica casinha, eu a arrumar e aspirar, eles a ver o Panda!
Brincámos junto à água, pai, faz outra piscina, pai sabes fazer um túnel, outro maior, a bola de um lado, balde e ancinho do outro, carregado e só querem que escave com as patas da frente! A malta olhava, sorria, três destes, frescos, e dá conta do recado!
Meio da manhã, hora de comer. Não há toalha, as mãos com areia, comem assim, as aves também o fazem e não morrem. Nem importa: mais ou menos areia, até ajuda na moagem, o estômago destes miúdos tem mais capacidade que uma mala da camping gaz, devoraram tudo, devem ter duas ténias, cada um!
Mais trinta minutos a escavar, hora de ir. Sem toalhas, lavei e pendurei os calções do Vasco e do Simão, areia em casa é que não, dei-lhes um bom banho e coloquei-os no carrinho encharcado de água salgada. Passeavam, agora, completamente nus mas com os óculos azuis na cara não vá o sol fazer das suas. O chapéu de sol, espetado, a sair do carrinho, o Tomás, cansado, às cavalitas...
Ainda ouvi,
- É doido., Alguma vez dá conta destes três?!
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2 comentários :
Fantástico...incisivo...muito conhecedor da nossa história...simpatico até na sua paixão pelas figuras do presépio...ainda me parece ouvir a sua voz quando partilhava essas tantas histórias como esta do osso com dupla nacionalidade.
Por favor retirar o nome da Leonor desta publicação
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